Kanso Tech

Este primeiro texto é um registro de algo que já está em andamento há alguns meses. Quero fazer essa abertura nesse blog caseiro, ainda sem saber no que isso vai dar, em meio a tantos projetos que se sobrepõem e que acabam me trazendo de volta para um meio que sempre gostei; como diria minha esposa: "quando você fala de tecnologia, seus olhos brilham".

Tem uns dias que eu tenho impactado meus estudos para colocar isso aqui no ar. Inicialmente achei desperdício de tempo, porque, afinal de contas, tenho tanto tempo a recuperar, mas aí me lembrei da motivação inicial desses meus estudos, e achei que valia à pena. Para quem não me conhece (e acho dificil que o faça por apenas um texto), mas que talvez esteja em uma fase da vida em que se pergunte se tomou as melhores decisões, se está fazendo o que gosta, ou se o que você faz todos os dias te dá um mínimo de satisfação pessoal, vou compartilhar um pouco da minha trajetória até aqui.

Há uns 20 anos eu ainda fazia faculdade (ou tentava), mas já trabalhava com redes, segurança, sistemas Linux, BSD, servidores e mais um monte de coisa que, na tentativa de explicar o que era aos meus pais, montei um servidor de um monte de coisa dentro de casa, para explicar que não era consertar computadores de pessoa física. Na época, a minha primeira empresa oferecia acesso à Internet em um prédio comercial, com um link Frame-Relay de 128Kbps, e começava a aparecer um produto concorrente chamado ADSL. Antes disso os barulhinhos dos modems, sistemas precursores da Internet, chamados BBSs e muita lentidão.

Cibersegurança não tinha a atenção de hoje. Hacker era um termo mal entendido (e ainda é) e muitos dos conteúdos disponíveis não tinham qualidade, com muitos blogs de qualidade duvidosa, com receitas falsas. Saber Linux muitas vezes fazia as pessoas te chamarem de hacker, porque a tela preta ainda hoje não é o padrão e o amor dos usuários. Perdi a conta de quantos empresários nos deram negativa para implantar alguma coisa mais estruturada, e me lembro até de um que nos disse que não queria o "estado da arte" na informatização, pois o negócio dele era outro.

Com medo da tendinite, que me visitou cedo, acabei me distanciando profissionalmente dos terminais, embora sem conseguir largar a paixão. Em cada emprego que passei, o conhecimento, que continuou sendo trabalhado com estudos particulares, testes em casa, e até foi compartilhado em blogs e em um canal no YouTube, acabou sempre me trazendo de volta. Em um dos empregos, assumi os servidores, em outro, suporte aos colegas de equipe, além de testes de funcionamento de serviços diversos. Não dá para largar totalmente aquilo que nos dá vida.

E aí, no ano passado, após longos anos, eu entendi que larguei o que gostava com medo do uso diário dos computadores, porém, em todos os empregos, acabei usando-os todos os dias. Como se diz, antes tarde do que nunca! Em meio à demanda do mercado por certificações, acabei me questionando sobre qual seria interessante, e cheguei à conclusão de que não valia à pena investir mais tempo em algo que não eu não gostasse. Recebi na época um contato de um colega que havia se mudado para Portugal, contando sobre uma vaga de Administrador de Sistemas, mas não era bem o que eu queria.

Cibersegurança, hacking, entender como as coisas funcionam, tentar achar falhas e melhorias em tudo. Não sei se isso lhe atrai, mas eu sempre gostei de entender o que existe por trás das coisas. Qual não foi minha surpresa, ao pesquisar de forma mais direcionada, ao perceber o que havia disponível sobre cibersegurança! Diversos blogs, canais no YouTube, livros, cursos completamente estruturados, gente disposta a compartilhar conhecimento de qualidade! Além disso, conectividade global, sem limites para aprender e para se qualificar; um verdadeiro playground tecnológico!

Para quem viu as coisas lá atrás, talvez até antes de mim, entende o quanto tudo mudou muito e muito rápido! Cloud não existia como hoje, home office talvez desse para tentar, quando surgiu o ADSL, mas não seria realidade para todo mundo. Hoje temos um supercomputador no bolso, com conexão rápida no meio da rua, que muita gente nem se lembra que serve para fazer ligações, simplesmente porque é apenas mais uma função, e não a principal. E, nessa era de tudo mais rápido, o conhecimento também se renova o tempo inteiro.

Sabe o que isso significa? Que você pode aprender coisas novas, como eu estou fazendo, seja para reforçar o que um dia você já soube, ou começar literalmente do zero. Daqui um ano, se você aprender um pouco todos os dias, é provável que esteja na frente daqueles que você julga especialistas, caso eles não façam o mesmo. E, o mais importante, não é focar nas decisões erradas, mas entender os pontos de melhoria. Desmontar as coisas, entender como funcionam, e fazer melhor. A tendinite ainda está aqui, mas entendi que não era parar, mas sim fazer exercício todos os dias, fortalecer a mente e o corpo.

Deu resultado? Estou no caminho! Já tirei a certificação AWS Cloud Pratictioner, fui aprovado em uma bolsa, no programa de Cibersegurança da CISCO, e a academia já estou indo para três meses, todos os dias. Essa página está rodando na Cloud, o servidor fui em quem configurei, a página fui eu quem montei, e o editor "vi" (que muitos amam e muitos odeiam), que me acompanha desde 1996, está aqui firme e forte, me ajudando a escrever.

Há mais de 20 anos eu visitei Teresina, ministrando um curso no NTE (Núcleo Tecnológico Estadual) metade presencial, metade à distância, em parceria entre MEC e UFG. Acho que posso dizer que participei dos primórdios da educação à distância. Hoje estou me preparando para iniciar o primeiro curso como instrutor na NetAcad, da CISCO, em mais uma maratona de Cibersegurança! Devolver um pouco do que já ganhei de conhecimento e ajudar àqueles que querem crescer como eu!

Quer um conselho? Se lhe der a vontade de começar ou voltar a estudar alguma coisa, não perca tempo! É um dia após o outro, a cada dia um pouco. Daqui um ano eu vou estar voando, e você também pode!